sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Cinema & Afins #134 | O Predador



No dia 30 de Julho de 1987, chegava aos cinemas Predador, onde víamos o soldado Dutch (Arnold Schwarzenegger) enfrentar um monstro implacável nas selvas da Guatemala junto de sua equipe. Ao longo dos anos, tivemos algumas sequências e até spin-off onde predadores enfrentavam outro grupo famoso de extraterrestres da franquia Alien. Em 2018, Shane Black (que estava inclusive no elenco do primeiro filme) assumiu a missão de dirigir um novo longa para a franquia. 


Após uma perseguição espacial, um predador cai na terra e caba sendo capturado. Antes disso, entretanto, ele é encontrado pelo atirador de elite Quinn Mckenna (Boyd Holdrook) que rouba parte de seu equipamento (elmo e um dos braceletes) e envia para sua casa, para que tivesse provas da criatura que encontrou e matou seus homens. Tudo começa a dar errado, quando ele é capturado por uma divisão do exército para que não diga nada sobre e descobre que a criatura pode estar indo atrás de seu filho para reaver o que é seu... Pior que isso, algo mais perigoso parece estar caçando o predador. 



Há uma clara tentativa por parte do roteiro em tentar resgatar elementos do primeiro filme da franquia, seja em trama ou seja no humor e nas piadas empregadas em diversos momentos. Porém estas tentativas se perdem no meio de tantas tramas misturadas e assuntos que almeja abordar. Podemos encontrar de tudo na história, desde autismo, até bullying e traumas de soldados após a guerra. Logo qualquer tentativa pífia de se aprofundar em algum desses assuntos se torna rasa, enquanto o filme as junta com clichês e mais clichês e erros de coerência e continuidade grotescos. 

A trama parece acertar no quesito de adotar uma violência excessiva e explicita, assim como vimos no primeiro filme da franquia, assim como a formação de um novo grupo de soldados, desta vez formados por indivíduos com problemas psicológicos, que dão um sabor especial a história e reforçam traços de personalidade bastante interessantes de ver. Mas isto não salva o filme e seus diversos furos de roteiro. É impressionante como uma bióloga sabe usar com eficácia armamento pesado do exército sem que seja dado um segundo de esclarecimento sobre isso, ou melhor, como este armamento surgiu nas mãos de um grupo fugitivo de um ônibus cujo destino era um "hospício". 

Durante alguns momentos é difícil acreditar que não se trata de um paródia e piscar duas vezes no inicio do embate final, onde parece que assistimos aos Trapalhões +18, onde o grupo em fuga se mata de maneira imbecil e sozinhos, sem a interferência de um predador super poderoso. Tudo parece culminar sempre para que mais uma morte sangrenta surja, apenas pelo visual que irá proporcionar.

O Predador é um emaranhado de ideias, algumas boas, a maioria ruins, que tenta se estabelecer com violência e piadas em grande parte péssimas e fora do contexto e quiçá época ideal. Ouso afirmar também que consegue despertar vergonha alheia com as decisões e técnicas narrativas que assume. Por mais que se garanta em algumas cenas empolgantes de ação, a trama é decepcionante e demonstra que o advento do CGI é uma benção, mas também uma maldição e mostra que se usado de maneira errônea, cria apenas mais um filme com naves explodindo do céu, incapaz de sequer salvar seu roteiro horrível.   

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