O acréscimo de Pantera Negra ao elenco de Capitão América: Guerra Civil aconteceu de maneira natural, bem encaixado dentro da trama. O personagem como um todo foi bem aceito, seja pelos três chutes aéreos consecutivos contra o Sentinela da Liberdade, seja por toda sua caracterização e seu envolvimento com a história. Com a promessa de seu filme, então, havia no ar toda uma oportunidade de explorar novas perspectivas, personagens e aproveitar novas oportunidades.
Até o momento, tínhamos apenas um vislumbre de Wakanda, a nação secreta e lar do herói e seu povo. Construída sobre uma montanha de vibranium - um metal espacial e o mais valioso da terra -, esta civilização é sem dúvidas a mais avançada do planeta, porém se mantém escondida, sob a faceta de um país de terceiro mundo, sem permitir que ninguém saiba sobre seus avanços inimagináveis. T'Challa (Chadwick Boseman) precisa assumir o manto de rei, após o atentado que matou seu pai e além disso lidar com peso que isso trás, as responsabilidades e os erros de seus antepassados que voltam para lhe assombrar, além é claro, de encarar o mundo como está e decidir se manterá costumes ultrapassados ou se adaptará junto do restante do planeta.
O filme possui um humor muito pontual e singelo, nada forçado e isso é visível pela relação genuína entre os personagens, que torna tudo natural e apesar de ser um filme de super-herói, cria embates muito maiores que lutas corporais.
A sequências de lutas são muito interessantes, bem coreografadas e filmadas, principalmente num confronto dentro de um cassino. No filme inteiro, o CGI pode incomodar um pouco, mas é muito interessante em ver como o estilo de luta de T'Challa é diferenciado, algo mais ligado com sua cultura, e quando trajando o uniforme, com os movimentos de um animal de fato, selvagem.
Porém é em seu ar dramático que o filme realmente brilha. Primeiramente é rica a maneira como Wakanda e seus diferentes povos são retratados, com todas suas cores e fortes costumes culturais, é possível criar uma imersão e ter até uma certa certeza que aquele lugar exista, pois é consistente e verossímil. E em meio tudo isto, onde estão inseridos nossos personagens, não é difícil ver o cenário político de fundo, com questões ideológicas sendo discutidas, como união entre os povos e igualdade social.
O antagonista é humanizado, mas ainda assim uma figura implacável, que mata sem hesitação. Obstinado, é possível entender por tudo que passou e ver seu sofrimento e a jornada que trilhou para alcançar seu objetivo, porém esta jornada lhe transformou em algo horrível, em alguém igual aqueles que ele tanto quer destruir. Arrisco dizer que é a primeira vez que vejo um objetivo de dominação mundial com consistência, sem parecer genérico, clichê e previsível.
A trama possui diálogos instigantes, algumas vezes bem humorados, mas em outras muito mais trabalhados e profundos. Se há uma palavra para definir Pantera Negra, é corajoso e é certo dizer que a Marvel acertou mais uma vez. O ano é de 2018, do século XXI e foi num filme de herói que vimos muito mais que explosões e pancadaria, vimos uma mensagem de igualdade e reflexão.
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