sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Séries em Série #51 | Black Mirror - 4ª Temporada



Uma nova temporada de Black Mirror sempre gera expectativa, pelo simples fato de sua temática. Quando surgiu timidamente, a série contava com apenas 3 episódios por temporada, e cada um deles recebendo uma boa dose de produção, mostrando histórias diversas, onde a tecnologia é o centro de tudo, mostrando de forma um tanto que exagerada (de propósito) para onde a humanidade pode parar ou já se encaminha com seus avanços tecnológicos, servindo, além de uma simples forma de entretenimento, como uma clara crítica.


Desde sua temporada passada, Black Mirror conta agora com seis episódios, o dobro de quando começou, é até compreensível, devido ao seu sucesso, embora isto possa significar uma queda em qualidade, em alguns casos, não que seja uma verdade absoluta. Mas que tal agora darmos uma olhada em cada uma das seis histórias da vez?

USS Callister




Uma mulher acorda a bordo de uma nave da federação galáctica, a USS Callister e confusa acaba encontrando o resto da tripulação, porém há um pequeno problema... Ela não passa de um clone digital e tem todas as lembranças de sua forma humana real. Presa no que ela descobre ser um jogo por um de seus chefes. Lá outras pessoas foram clonadas, outros funcionários, que de alguma forma o desagradaram no mundo real. Quando seu avatar finalmente entra no jogo, ao final de cada dia, ele quer que todos encenem as situações de sua série favorita ou sofrerão com suas perversidades.

Este primeiro episódio mostra que nem todas as histórias de Black Mirror necessitam de um plot twist no final e aborda muitos temas, o primeiro deles e ligado diretamente a tecnologia é a realidade virtual, que através dela nos é mostrado situações de abuso de poder e todo as questões de vida e o que ela representa.

Arkangel




Uma mãe solteira decide colocar sua filha num programa experimental, após ela o perder durante uma tarde no parque. O programa consistia em implantar na garota um dispositivo que tornava a mãe capaz de localiza-la onde ela estivesse, além de ver e ouvir tudo que a garota encontrava através da tela de um tablet. O sistema ainda possuía a função de bloquear certas situações, para que ela não visse ou ouvisse determinadas coisas. Com o tempo isto se mostrou um problema, quando a garota começa a demonstrar problemas psicológicos. Mesmo com a decisão de parar de monitorar a filha após isso e retirar o filtro de coisas ruins, com o passar dos anos tranquilos e resolução dos problemas, velhos hábitos podem retornar. 

Dirigido por Jodie Foster, o episódio é uma clara crítica a invasão de privacidade entre pais e filhos, mostrando até onde pode se tornar perigoso a invasão de ambos, criando situações constrangedoras, de raiva e violência dentro das famílias. O roteiro pode ser previsível a partir de certo ponto, porém é muito bom poder pensar um pouco no assunto, além de ser interessante como a história é contada e também a relação das personagens. 


Crocodile




Um jovem casal, ao retornarem de uma festa, acabam atropelando e matando um ciclista no meio do nada. Amedrontado, o rapaz convence a namorada a esconderem o fato, jogando o corpo num lago frio. Ambos se separam após isso, os anos passam e ela se torna uma arquiteta famosa, porém o passado volta para assombra-la a forçando a entrar num onda de mortes para esconder essa informação, porém a tecnologia, cruza seu caminho, podendo fazer tudo mudar.

O episódio possui uma trama interessante, ao fazer duas histórias paralelas se cruzarem, apesar de ser previsível saber como ambas as tramas iriam se encontrar. O final consegue surpreender, de pelo menos duas maneiras, criando assim um contraponto onde a história se tornou fácil de decifrar. A tecnologia aqui se mostrou uma faca de dois gumes. 

Hang the DJ




Um novo aplicativo de namoro permite que casais descobram quanto tempo seus relacionamentos irão durar e fazem isto vez após vez, com parceiros diferentes, obedecendo a uma IA, até que enfim encontrem o par ideal. Isto parece ocorrer dentro uma utopia, um lugar onde eles não possuem contato com o mundo exterior, criando assim cada vez mais uma sensação de estranheza. 

Com uma clara cutucada aos aplicativos de namoro, mas não de maneira tão severa, tendo uma resolução agradável. É sem dúvida um episódio romântico com o tema tecnológico envolvido, mas também consegue tocar em assuntos como relacionamentos eventuais, sem afeto e voláteis. 

Metalhead




Uma mulher tenta sobreviver num mundo arruinado, após seus companheiros serem mortos ao procurarem suprimentos por uma espécie de cachorro robô.

O episódio, que é todo preto e branco, mostra um mundo arruinado e aparentemente, dominado por uma espécie de máquinas letais que andam com quatro patas. Muito de sua história é deixada para a imaginação, pois não há muitas explicações de como tudo aquilo ocorreu. Basicamente é a história de uma mulher fugindo de uma dessas máquinas, sendo assim um breve vislumbre deste mundo, numa trama mais frenética.

Black Museum




Uma mulher, após ter de parar seu carro para que fosse recarregado durante uma viagem, entra num museu, repleto de artefatos tecnológicos usados em crimes. Lá, seu proprietário lhe conta histórias relacionadas a alguns deles. 

Talvez o melhor episódio da temporada, o mais bem elaborado e com o maior número de fan service aka referências, pois diversos itens no museu sinistro pertencem a outros episódios da série. Dentro da história principal também há outras tramas paralelas, todas voltadas para a tecnologia, questionando questões de percepção da vida humana de formas bem interessantes e que de um maneira engenhosa se liga completamente com a história principal. 

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