quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Cinema & Afins #86 | O Death Note de Hollywood



Há não muito tempo atrás, tivemos a estréia do filme de Death Note, pela Netflix, live action em sua primeira versão ocidental. Desde os trailers ele já estava sendo muito criticado por fãs, e após se tornar disponível no catálogo do serviço de streaming, continuou sendo criticado por muita gente, dessa vez até pela "mídia especializada".


A verdade é que eu particularmente não sei o que este filme de Death Note - em especifico - é. Em uma adaptação, e digo isso muito, é sempre necessário haver espaço para licença poética, ajuste para transportar a história de uma mídia para outra. Uma delas pode ser barata, ter mais meios para transmitir uma mensagem, assim como mais tempo. A outra, pode ser mais cara e ter menos tempo para mostrar sua trama, pode até depender de movimentar pessoas e recursos de locações. Porém, Death Note se perde no caminho, ele apenas usa os nomes e um leve conceito da obra original para contar sua história, e falha.

Sua trama não tem nexo e nem o argumento de que era preciso se reinventar para outro público ou de que a história quer criar uma identidade própria para se distanciar do anime/mangá tem fundamento. Na história original, Ligth Yagami, um estudante do ensino médio descobre um caderno sobrenatural - cujo nome dá nome ao mangá, anime, filme e a este post - capaz de matar qualquer pessoa, contanto que o portador saiba o nome  e esteja pensando no rosto da mesma ao escrever seu nome no caderno. Light é um pessoa muito inteligente e em pouco tempo assume para si a responsabilidade de punir criminosos, sob o codinome de Kira, o futuro Deus de seu novo mundo, porém isto atrai a atenção do maior detetive do mundo, L que está longe de concordar que um pessoa possa ter o poder de determinar quem vive e quem morre. 



O caderno possui uma série de regras, das quais Light se aproveita durante toda a trama para poder manipular o jogo ao seu favor, criando estratagemas complexos e cheio de reviravoltas. O filme tenta emular a inteligência de Light ao mostrar ele num primeiro momento fazendo o dever de casa de outras pessoas em troca de dinheiro, e então o restante do filme não passa disso, ele nem sequer leu todas às regras, deixando até outra pessoa o enganar com base nisso, pois ele não possui o conhecimento necessário. Ainda no clímax ele bola um plano mirabolante para se safar, cheio de reviravoltas. Está vendo a incoerência aqui? Um estudante que faz deveres de matemática - nada mais que isso - e nem se dá ao trabalho de ler todas às regras de uma artefato sobrenatural capaz de matar sem muitos problemas, consegue pensar num plano tão mirabolante assim, do nada... Sendo que ele estava sob pressão, até com pessoas o perseguindo.

É impossível não comparar filme e anime: de um lado um adolescente que conta na primeira oportunidade para a líder de torcida sobre o Death Note e ainda faz uma demonstração de morte, como algo banal, apenas para impressionar a garota bonita. Do outro lado um mesmo estudante, porém frio, metódico e até com pensamentos sociopatas, quem sabe até psicopatas. Você dizer que não é certo comparar duas versões assim, estaria certo, pois o filme seria uma outra visão da obra, adaptada para outro cenário, o de Hollywood. Mas eu estaria errado mesmo? Se ele queria se distanciar tanto, por qual motivo querer emular - tão fracamente - a inteligência de Light como na obra original? Por que querer apresentar os maneirismos de L - comer doces o tempo todo e sentar de maneira exótica - como na obra original? Por que então tentar fazer tantas coisas como no anime, detalhes que seriam dispensáveis ao contar uma história "tão diferente"? A resposta é simples... O nome é forte, a história criada ali, não.

Fico por aqui hoje, mas não deixe de acompanhar o blog e diga, assistiu o filme? O que achou? Poste nos comentários.

Nenhum comentário:

Postar um comentário