quinta-feira, 25 de maio de 2017

Cinema & Afins #70 | A Autopsia



Hoje em dia, podemos contar nos dedos filmes de terror realmente bons. Coisas novas sempre surgem, coisas boas, nem tanto. O medo, algo que ao meu ver é fundamental nestes longas, é elemento difícil de trabalhar. Por mais que a maioria das histórias estejam repletas de demônios, fantasmas e monstros, horríveis seja com maquiagem ou efeitos especiais, na maioria das vezes, causa ojeriza, mas medo, é algo muito mais profundo, que poucos alcançam.


É claro que, para haver medo, é necessário que esteja atrelado a uma boa história, com bons personagens, para que não haja desconforto e sim imersão, fazendo assim com que o espectador seja um alvo fácil, para claro, o medo.



E Autopsia cumpre muito bem este papel. O filme conta a história de um pai e um filho, que tocam o negócio da família sozinhos (a mãe/esposa já faleceu), passada de geração em geração, a velha casa serve como moradia e também como local de trabalho, onde ambos realizam autopsias para a policia. A trama se desenvolve quando ambos recebem um corpo de uma jovem encontrada enterrada no porão de uma casa onde houve o assassinato de uma família inteira. O problema é que o corpo da jovem não apresenta nenhum marca e nem se encaixa com a cena do crime.

Conforme avançamos na história é possível perceber alguns detalhes que irão dando sentido ao filme, completando questões que soam naturais com o passar do tempo, fazendo com que o roteiro flua e você fique imerso na história. Aliado a isso está a boa construção dos personagens, com suas personalidades, os tornando fielmente parte da história.



Sutilmente o filme segue com o espectador acompanhando a autopsia daquela que eles nomeiam como Jane Doe (um termo para "desconhecida" nos EUA), levando mistérios atrás de mistérios, que junto com os acontecimentos estranhos que vêm no decorrer, criam um clima apavorante. O essencial no filme para que crie realmente sensações de medo genuíno é quase nunca usar os sustos como arma, mas sim o desconhecido. Abusando de efeitos de pouca luz, um ambiente pequeno e limitado e até fumaça, Autopsia amedronta de verdade com o já dito " O Desconhecido". O medo do que não se pode ver e nem se tem controle, usando de silhuetas, sons e imagens rápidas e difusas. A mente cria o pior, quando se imagina o virá atrás da porta.

Autopsia não arranca gritos e nem sustos, faz pior, plantando em sua mente o terror muito bem construído, o fazendo sempre lembrar das situações criadas com uma trama bem elaborada e com até algumas cenas mais pesadas e violentas. O filme que não sofreu grande alarde em seu lançamento, ganha por sua história bem contada, seus personagens bem construídos e contidos e pelo medo subliminar que consegue criar com muita eficácia.

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