sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Cinema & Afins #132 | Slender Man: Pesadelo Sem Rosto



Slender, a lenda que nasceu na internet, nas famosas creepy pastas e no conhecido jogo onde você precisa reunir algumas páginas de desenhos espalhadas em uma floresta enquanto foge do homem alto, esguio, de terno e sem rosto chegou aos cinemas. Uma febre durante uma época, a história se manteve firme durante todos esses anos posteriores, até a indústria cinematográfica recair sobre ela, com a premissa de finalmente contar uma história com o personagem sinistro.


As amigas Wren (Joey King), Hallie (Julia Goldani Telles), Katie (Annalise Basso) e Chloe (Jaz Sinclair) levam uma vida entediante e pacata numa pequena cidade estadunidense. Almejando sonhos de irem embora e deixar o marasmo para trás, são um grupo inseparável. Em uma sexta-feira a noite, entretanto, ao se reunirem na casa de uma delas, acabam decidindo invocar o Slender Man. Para isso entram em um site e assistem um vídeo "sinistro". Após isto, todas são afetadas de alguma forma, até Katie desaparecer em circunstância estranhas. 

É evidente o caminho escolhido para dar maior profundidade e mais saídas para um personagem, que vamos combinar, é bastante vago. Slender Man surgiu de um jogo simples e de lendas da internet, com sua popularidade sinistra crescendo ao longo do tempo com relatos de pessoas, imagens supostamente reais, mas no fim, não havia uma forte mitologia estabelecida, uma história linear para se contar, logo era necessário tecer muitas explicações para produzir um conteúdo, especialmente neste formato.



A loucura, em forma de vírus, é o carro chefe do monstro. Em toda a história, há sempre a comparação que o Slender Man entra em sua cabeça como uma espécie de vírus, sim, exatamente como os de computadores. Após isso, ele irá lhe enlouquecer, matar ou levá-lo embora para seu mundo secreto. Entretanto, a trama aposta em cenas pouco ou quase nada amedrontadoras e muitas vezes sem nexo e sentido nenhum. Há uma falta de foco imensa e estilos parecem se misturar livremente. Havia chances extraordinárias de trabalharem com conceitos perturbadores e visualmente medonhos ao se basearem em composições já usadas em O Chamado ou até mesmo com as supostas imagens vazadas da Deep Web, mas na maior parte do tempo a simples distorção de rostos tenta ser suficiente, quando na verdade não é, nem de longe.

O filme peca ainda mais em inserir mais plots do que dará conta de explicar e também nas decisões de cada envolvido na história. Novos acontecimentos surgem de maneira tardia e acabam sendo esquecidos sem explicação e apesar de sabermos que personagens clichês em filmes de terror tendem a tomarem decisões ruins na maior parte do tempo, aqui temos este tipo de ação em uma demasia tão grande, que chega a provocar risadas por parte de quem assiste. 

Ainda que tente inserir uma reviravolta em seu tão sem graça clímax, sua finalização consegue se tornar sem propósito e previsível. Slender Man talvez tenha sido concebido como uma boa ideia e não apenas mais uma chance de obtenção de lucros, porém falha ao contar uma boa história e falha ainda mais em seu objetivo primordial, que seria, sem sombra de dúvidas, a de causar medo. 

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