Distopias caminham por uma linha tênue entre o inovador e o nem tanto. Grandes sucessos literários do gênero já foram adaptados para as telas do cinema e da TV, alguns alcançando um legião de fãs, outros nem tanto, seja por muitos motivos. Farenheight 451 merece algum crédito por trazer uma história adaptada com ar um novo, diferente do já visto.
Baseado em um livro e o remake de um filme de 1966, Farenheight 451 é um filme para TV da HBO e nos joga num futuro incerto, as pessoas vivem numa sociedade opressora, embora a maioria das delas não saiba disso. Os bombeiros, que há muito tempo apagava incêndios, agora causam eles. Entendendo de uma modo melhor, esses agentes agora possuem a missão de encontrar e queimar qualquer tipo de livro e perseguir aqueles conhecidos como "enguias" que tentam disseminar o conhecimento aos alienados, submersos nesta realidade onde apenas o que o governo disponibiliza na Nine (uma espécie de rede social) é permitido ler. Doutrinados com a desculpa de um mundo sem conflitos, sem ideias divergentes, pensar por si próprio parece um sonho cada vez mais distante.
E é neste cenário opressor, mas ao mesmo tempo instigante que conhecemos Guy Montag (Michael B. Jordan) um membro de alta patente da Farenheight 451, brigada responsável pela queima de livros e perseguição dos enguias em sua cidade. Porém, num primeiro momento em que vemos como Montag se dedica e gosta de seu trabalho, sendo inclusive uma espécie de "filho protegido" do capitão Beatty (Michael Shannon), porém ele começa a se questionar após presenciar um evento traumático e então, começa a ler escondido.
As ideias presentes no filme são bastante interessantes, os pontos de vistas apresentados convincentes e ao mesmo tempo, apesar de não se deixar claro quantos anos no futuro a trama se passa, é plausível imaginar que algo assim seria possível, ainda mais com tudo que conhecemos hoje em dia. A trama ainda acerta em seus personagens, em construir situações mais concisas e que façam sentido como um todo, sem parecerem forçadas,
O filme de Ramin Bahrani (99 Homes e A Qualquer Preço), entretanto, parece sofrer de um declínio. A sociedade parece ter muita história a oferecer, os personagens parecem terem muito a trilhar e exatamente no ponto em que algum conflito parecia ter um começo, você percebe que o filme se alongou demais e parece se perdendo entregando um embate decepcionante. Apesar de construir algo realmente aceitável e até consistente, toda a trama se resume no fim em algo anti climático, permeado de incertezas e com um gosto amargo, de algo aquém, que poderia ter sido mais, mas que infelizmente, não foi.
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