Há sempre uma "piada" sobre uma maldição que não permite que filmes baseados em jogos sejam bons. Porém, mesmo assim, ano após ano, sempre há pelo menos mais um ou dois. Os fãs, mesmo que calejados, talvez ainda nutram alguma esperança e é o caso dessa adaptação em especial, que prometia um recomeço para Lara Croft nos cinemas, baseada no game, que pasmem, deu um mega recomeço para a personagem nos vídeos games.
Herdeira da rica família Croft, Lara (Alicia Vikander) vive uma vida pouco convencional, após o sumiço e a suposta morte do pai sete anos atrás. Negando-se a receber a herança que lhe é de direito, pois não acredita na morte do pai, Lara vive frequentando uma academia modesta em Londres, enquanto não tem dinheiro para pagar a mensalidades e trabalha como entregadora, até o momento em que esbarra no passado e parte em uma aventura, tentando desvendar os mistérios que seu pai nunca conseguiu e aparentemente, morrendo tentando.
Logo de cara temos uma longuíssima introdução apresentando a protagonista, o que ela faz e o que consegue realizar. Quais são suas convicções e o que a motiva. Entretanto, é algo longo demais, desnecessário demais, foge do foco do que a personagem deveria ser, além de que poderia ser feito de diversas outras formas, arrisco dizer, mais interessantes. Tudo bem, nós entendemos que ela é radical e anda de bicicleta entre os carros e sabe MMA.
Quando deixamos toda a apresentação (contando com o chamado a aventura) e uma cena extensa num porto da China, o filme parece engrenar quando Lara Croft enfrenta uma tempestade a bordo de um barco pesqueiro, enquanto se aproxima da ilha onde o pai desapareceu. Todas as sequências seguintes são promissoras, com alguns pequenos deslizes. As pancadas doloridas e constantes, às sequências em cenários impossíveis... Até o peso da primeira morte causada por suas mãos, quando era tudo que precisava fazer para sobreviver. Mas então, logo após isto, tudo parece desmoronar.
O filme se distancia do jogo que tentava adaptar. Sim, é claro que nada seria igual, mídias diferentes, todos sabemos ser impossível. Porém, há toda uma história rica já pronta, bastava retirar todas as infinitas side quests presentes no game e então trabalhar apenas nos pontos chaves para a história. Personagens que não deveriam estar na história surgem magicamente e tudo que você deseja desde então é que ele morra, finalmente, pois protagoniza as piores cenas possíveis na trama. Situações muito simples são apresentadas e logo resolvidas, além é claro de boa parte do filme ser clichê e covarde. Covarde por ir até o fim com o sobrenatural e clichê por nos mostrar desfechos que já conhecemos há anos, usados nos filmes do Indiana Jones e até em a A Lenda do Tesouro Perdido, com Nicholas Cage.
Alicia Vikander nos entrega boas cenas de ação, além de realmente passar a dor e o desespero de Lara perante a morte eminente e quedas fenomenais, ou seja, ela faz a protagonista ser interessante mesmo em meio a tanto roteiro raso. Entretanto, não adianta jogar meia dúzias de referências ao jogo em momentos aleatórios e esperar que isto baste. O grande problema foi fazer o filme se parecer demais com o jogo e ao mesmo tempo ser tao diferente, em outras palavras, visualmente ele é idêntico em diversas ocasiões, em cenários e movimentos, porém parece esquecer o que mais precisava, a história.
Todas as soluções estavam lá, mas ninguém se pareceu se preocupar em usarem. No fim, Lara Croft, a nova inclusive, não teve um filme a altura do que merecia. Hollywood continua sem entender os games.
Todas as soluções estavam lá, mas ninguém se pareceu se preocupar em usarem. No fim, Lara Croft, a nova inclusive, não teve um filme a altura do que merecia. Hollywood continua sem entender os games.
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