segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Cinema & Afins #102 | Fullmetal Alchemist



Fullmetal Alchemist é um anime de bastante sucesso e história bem construída. Embora hoje em dia não me considere, como dizem no meio, um otaku, vejo algumas obras isoladas aqui e acolá. Com uma trama forte e com vários desdobramentos, personagens carismáticos e muito profundos e um sistema de "poderes", a alquimia, Fullmetal Alchemist tem uma base consistente. E apesar de não ser um anime muito longo, é difícil que seja adaptado para um longa metragem e por várias razões, mas ainda assim, foi feito.


A história original se centraliza nos irmãos Elric, Edward e Alphonse, que após perderem a mãe, tentam trazê-la de volta fazendo uma transmutação humana, o que seria uma prática proibida. Alphonse, o irmão mais novo perde seu corpo e alma quando ambos lidam com forças além da compreensão, enquanto Edward perde a perna esquerda, para enfim conseguirem trazer apenas um amontoado de carne decomposta ao invés de sua mãe. Desesperado, Edward troca seu braço direito para ter a alma de seu irmão de volta, que fixa em uma armadura com um selo de sangue. 

Ed, dotado agora de próteses mecânicas conhecidas como automails, e Al, agora na forma de uma armadura medieval, vagam pelo mundo atrás da Pedra Filosofal, um item lendário e que segundo eles, é a única forma de recuperarem seus corpos. Dispostos a fazerem tudo para atingirem este objetivo, Edward se torna um alquimista federal, um Cão do Exército como dizem, para terem maior facilidade nisto, ganhando a alcunha de Alquimista de Aço.



O anime possui duas versões, Fullmetal Alchemist e Fullmetal Alchemist: Bortherhood. Esta segunda versão segue fielmente o mangá, enquanto a primeira toma rumos próprios em diversos pontos. 

O grande acerto no filme é sem dúvidas a ambientação e o figurino. Neste ponto é possível ver o esmero com a caracterização do universo, seja nos cenários que não devem em nada ou nos trajes, belissimamente adaptados para um live-action e ainda extremamente fieis a obra original. Vale também elogiar os efeitos especiais, que em sua grande maioria enchem os olhos e passam a sensação exata e necessária em diversos pontos da história, ainda assim, apesar de Alphonse estar muito bem feito, em alguns determinados pontos parece ter faltado algum cuidado.

Entretanto, nem tudo são flores. Edward Elric é loiro e parece ter faltado um primor ao representar isto no filme, uma vez que seu cabelo parece (se não for, de fato) uma peruca descarada. Uma outra personagem que também possui os cabelos loiros na animação, aparece aqui com seus cabelos naturais e castanhos, o que de longe foi decisão muito mais acertiva. Não estou dizendo que deveriam ter mudado a cor do cabelo do protagonista, mas uma atenção maior aqui, seria muito bem vinda.



O filme ainda sofre em relação a sua trama. É gasto muito tempo de tela para explicar muitos pontos do universo para quem vê pela primeira vez e embora tenham recolocado diversos trechos para que tornasse tudo mais simples, torna a narrativa um tanto longa. Além disso, ao tentarem emular trejeitos de animes num live-action, não se mostrou uma decisão muito boa. Expressões muito exageradas, movimentos caricatos e afins, definitivamente não ficam bons executados por atores. 

A história ainda passa por muitos momentos, entrecortados, não criando uma linha muito linear e isto se deve ao fato de se querer adaptar muitos capítulos/episódios num filme, mas sem conseguir realizar algo que soasse natural. De qualquer modo, apesar de trazer muitos momentos visuais marcantes para quem já conhecia Fullmetal Alchemist, o roteiro se perde em determinado momento. Toda a trama mais profunda é descartada e antagonistas rasos são trazidos, enquanto os verdeiros vilões não parecem ter um objetivo claro ou usam de uma mistura de referências mal organizadas para trazerem seus planos a tona, enquanto os protagonistas são mal utilizados. Edward Elric pouco faz no filme, assim como seu irmão.

Há uma possibilidade de uma sequência deixada pelo próprio longa em seu derradeiro final, porém com os buracos de maquinações maiores ao fundo fica uma dúvida no ar de como isto seria feito. Apesar dos pesares, o filme é um começo (não necessariamente muito bom) para que outras adaptações de animes/mangás surjam, com algumas chances de acertarem cada vez mais nos filmes vindouros, quem sabe, estão por vir. 


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