A primeira série original Netflix brasileira. Isso é a primeira coisa que você precisa saber e também é a primeira coisa que percebe quando começa á assistir. Há algo em 3% que entrega (além dos atores) uma identidade própria que não nega seus traços como sendo daqui e não de qualquer outro lugar do mundo, ou sendo feita por outras pessoas que não sejam brasileiras.
Lembra uma novela, isso é fato. Não o tempo todo e nem na temática (que é bem audaciosa), mas lembra. Talvez eu esteja tão impregnado com essas culturas que perceba tão bem a referência. Sei o que é uma produção nacional e sei o que é uma produção estrangeira. É como uma assinatura.
A famosa prova dos cubos, que estava presente no estande da Netflix na CCXP |
Talvez 3% não tenha tido o maior orçamento de uma série Netflix (isso é quase certo). Conta com efeitos especiais simples, limitados, porém, consegue, com sua história cativar ao seu modo. Com inspirações nas distopias adolescentes atuais, principalmente Jogos Vorazes, ele apresenta um mundo dividido. De um lado a ralé e do outro a utópica (?) Maralto. Em seu plot, todos nascem na miséria, vivendo numa favela até seus 21 anos. Quando atingem essa idade, podem entrar no Processo, onde passam por uma série de testes e (adivinha...) apenas 3% vencem e podem seguir para o outro lado.
Todos os atores te convencem (exceto a personagem Cássia...) e fazem você escolher um lado, porém, talvez o controverso Rafael (Rodolfo Valente) seja o preferido de muitos.
Entretanto, o forte da série está em sua história, que apesar de beber em várias fontes, consegue ser original á sua maneira. Por muitas vezes, durante os testes questões morais e éticas são postas a prova, lhe fazendo pensar o que faria no lugar daquelas pessoas. Com sua dose de maturidade, a temporada ainda conta com suas subtramas. A Causa, que nada mais é que um grupo de rebeldes contra todo o Processo e as histórias pessoais de cada personagem que dá mais profundidade para cada um e mais conteúdo a ser explorado.
Porém, a série não é perfeita, obviamente. Talvez seu maior inimigo seja o orçamento ou a falta de imaginação para certas coisas. O figurino deixa a desejar em certos momentos, principalmente nas áreas mais pobres, sendo usado apenas roupas rasgadas e desencontradas, muito coloridas. Isso pode ter sido uma escolha visual, porém pareceu apenas falta de imaginação.
A série tem muito o que melhorar, mas consegue se manter com bons personagens (exceto a Cássia) e uma história que pode ser bem aproveitada ainda. Não é longa com seus apenas 8 episódios e é um suspiro nacional num mundo pouco (ou nada) visitado por nós.
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